O livro, o desafio, as mudanças e o que mudou.

Eu sempre gostei de ler. Quando eu era criança, me lembro de ficar sentada no chão da sala, em frente à estante de portas abertas, devorando as enciclopédias Barsa e Trópico de meu irmão. Eu era - e sou - muito curiosa, uma palavra levava a outra e eu acredito que este velho hábito ajudou muito meu intelecto.

Hoje em dia eu não leio muito por causa da falta de tempo, das crianças que pedem atenção e também, confesso, por causa da internet #prontofalei. Deitar na cama para ler antes de dormir é o mesmo que tirar minha bateria, durmo em menos de 5 minutos. Comprei outro dia um cacareco, uma luminária portátil para eu ler na cama à noite mas a TV e/ou o smartphone sempre ganhavam a minha atenção.

Vocês que leem com frequência, não tem algum livro que você começa a ler mas não quer continuar? Meu irmão me emprestou A Menina que Roubava Livros há mais de três anos atrás, eu comecei a ler e só então vim a saber que a história era narrada pela Morte. Ah não, pensei, não gostei disso não. Quando estávamos arrumando a mudança, eu devolvi o livro para o meu irmão mas depois li Eu Sou o Mensageiro, do mesmo autor (Markus Zusak), gostei tanto e resolvi que eu precisava ler o livro que eu havia devolvido ao meu irmão. Pedi e ele me emprestou novamente e eu queria saber se existe algum record no Guinness de pessoa mais lerda para ler um livro ou alguma coisa assim. Acho que comecei a lê-lo em dezembro e terminei-o hoje. Seria mais vergonhoso se eu não tivesse lido a metade final dele na última semana. É que o local do meu trabalho mudou para longe de casa, o que me obriga a almoçar por lá e então sobram uns bons 40 minutos todos os dias que eu preencho lendo. Sem falar no ônibus que pego agora quase todos os dias pra voltar pra casa e onde devoro muitas páginas.


Meu amigo Caetano havia mencionado que o final era surpreendente e é mesmo. Agora imagina eu terminando de ler o livro no ônibus, com um nó na garganta, a feição distorcida, segurando o choro. Tinha tido um dia difícil e aquelas páginas seriam o gran finale para um choro de emoção e desabafo se não fosse o fato de eu estar cercada de gente.


Mas passou. Passou o nervosismo, a raiva, o stress, a dor de cabeça e a dor de estômago. Ficou só o que foi bom. O reencontro com a família no fim do dia, o bolo de chocolate feito pela minha Lu e a certeza da afirmação de Guimarães Rosa:

"Às vezes, quase sempre, um livro é maior do que a gente."

♥♥♥

Participei no mês passado, pelo segundo ano consecutivo, do 30 Days of Creativity, comecei a mostrar aqui e terminei no post anterior a este. Ainda vou fazer um post com todos os trabalhos, mas quero compartilhar aqui as minhas impressões da participação neste ano. Com a ajuda das crianças, eu consegui cumprir o desafio mas foi muito cansativo o que me fez ponderar se ano que vem eu vou participar de novo. Às vezes eu me coloco em situações que exigem um esforço extremo, acho que pra me autoafirmar, pra mostrar que eu consigo. Eu consegui sim, fiz muitos trabalhos bacanas mas a maioria deles na correria e eu não gosto de fazer arte na correria. Tenho muitos projetos começados e outras tantas ideias na cabeça mas não executei nenhum deles porque todos demorariam mais que um dia. No ano passado eu estava de licença saúde então posso dizer com orgulho que fiz peças maravilhosas, o tempo livre me permitia espaço para inspiração. Se eu vou participar no ano que vem? Não sei, sinceramente. Vou decidir isso em junho do ano que vem.

♥♥♥

Muita coisa aconteceu nas últimas semanas, mudanças de local de trabalho, mudança de trabalho do marido, mudança na rotina, nos horários da família e, não sei se foi a correria do desafio artístico, se foi o voltar a ler ou se foi a junção de tudo isso, o fato que é estou me sentindo com a intuição muito mais apurada, entende? Vejo as coisas com mais clareza, ouço minha voz interior que me diz que decisão tomar ou que eu fiz uma escolha errada e eu paro para analisar o erro, sem medos.

Outro dia estava falando com a Cissa Branco sobre uma vontade muito grande que eu tenho de comercializar minhas peças. Já pensei e "despensei" isso um n números de vezes, venho me observando e acho que os pensamentos são cíclicos e mensais. Mas eu decidi que eu vou montar um estúdio virtual pro Luka Luluka. Vou fazer os projetos que tenho vontade e colocá-los na galeria virtual e então vamos ver a aceitação. Como disse um amigo meu, outro dia: "O não a gente já tem, o negócio é buscar o sim". Isso é um desejo muito antigo, de ser artista, vamos ver qual que é :)

♥♥♥

Voltando a falar de livros, já coloquei na minha bolsa O Profeta de Gibran Kahlil Gibran. Minha meta agora é ler primeiro os livros que não são meus e este é de minha mãe e está comigo há tanto tempo que tenho certeza de que ela nem se lembra mais dele.

O Profeta e um hábito de família: colocar capa no livro que se está lendo

A letra de minha mãe e data em que ela ganhou o livro

Trecho do livro O Profeta que sempre me arrepia.

Luana está terminando Marley e Eu e então eu vou lê-lo para que ele continue seu nobre destino de ser um livro viajante. Tempos atrás, no Facebook, a Lin Souza, que eu mal conhecia, perguntou quem ainda não tinha lido Marley e Eu então eu respondi e ela me enviou o livro! Fiquei encantada com a atitude e gentileza dela, que me mandou, junto com o livro, um marcador de páginas feito por ela. Ainda não retribuí mas o farei =).

Marley, no dia em que chegou aqui em casa.

Agora Marley, na escrivaninha da Luana.

Inspirada pela atitude da Lin, dias depois, ao enviar alguns presentes de amigo secreto para a amiga Fabiane, mandei também um livro que havia lido e gostado muito, mas que estava só juntando poeira na minha estante: As Cinco Pessoas que Você Encontra no Céu. Semanas atrás tive a grata surpresa de saber que ela já havia lido o livro e já o havia colocado pra passear também. A Hannalu, que recebeu o livro da Fabi, fez uma resenha aqui. E olha que legal: procurando agora o link anterior, soube que o livro já está, no mínimo, em sua terceira viagem.

♥♥♥

É isso, gente, a segunda metade do ano já começou, as energias estão se recarregando, vou tirar umas breves férias no fim do mês, a gente vai se falando e eu vou mostrando as novidades.

Grande beijo e que a alegria esteja com todos vocês.


Comentários

  1. Amiga,

    É isso aí, o negócio é começar, o não já temos, e o que seria de nós se não projetássemos, se não acreditássemos?
    Então faz tuas peças, aproveita e coloca lá na Casa de Sahira, na loja virtual e física!
    E leia bastante, a leitura faz ficar mais leve, sensível, intuitiva pois nos permitimos viver na fantasia, no personagem, diminui muito o meu estresse lendo, às vezes largo a máquina de costura ou chego em casa e vou direto pro meu livro, depois de uns 15 minutos de leitura, já sou outra pessoa. Adorei estar por aqui. Grandes beijos e sucesso, ah, boas férias!

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  2. Sandra,

    Eu gosto muito de ler. Como não é fácil encontrar livros em Português por aqui, eu trouxe vários quando fi ao Brasil. Eu estava lendo um atrás do outro, e depois dei uma parada. Se eu ler todos que tenho tão rápido assim, vou ficar sem nenhum, em breve.KKK

    Nem te conto, você não vai acreditar.kkk Comecei a ler " A menina que roubava livros", e parei pelo mesmo motivo que você. Rs Estava naqueles dias emotivos, e imagine só eu lendo e chorando dentro do trem.kkkkk Mas, eu vou retomar a leitura dele pra compartilhar com você. Rs

    O meu email é mariluce.lucinha@hotmail.com. Não sei o que aconteceu lá no contato, mas deve ser doideira do blogger. Na verdade, estou precisando tirar um tempo pra organizar o blog também.

    Pode me escrever por e-mail, eu abro a caixa todos os dias.

    Obrigada pelo carinho.

    Beijos

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  3. Oi San! Legal ler as coisas do passado no blog, tentar compreender aquele determinado momento em que escrevemos...Já se passaram anos e nada de eu ler o livro, mas me encantei com o filme como disse no post.
    Ah, os livros para mim são pílulas para dormir, sempre foram.
    Não sabia que o filme Marley...foi baseado em um livro. Nunca assisti inteiro, vi trechos e chorei muito...ainda sinto falta dos meus cães, a despedida deles foram muito tristes...
    Beijos!

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