Alfredinho
Este é um trecho do post Totoro. que escrevi alguns dias depois que perdemos nosso tão precioso gato.
Moramos num condomínio com muita área verde e frequentemente vemos um ou outro gatinho circulando. Eles costumam ser ariscos e não deixam ser tocados. Qual foi minha surpresa quando este gato se aproximou de nós e até subiu no meu colo. É impossível não acreditar numa força superior, achar que foi só coincidência, num momento em que eu estava tão fragilizada, esse anjinho veio me consolar.
Algumas semanas depois voltamos a vê-lo, bem à vontade pelo condomínio, minha filha até o fotografou no sofá da entrada do prédio, o que é bem fofo e bastante problemático. Porque ninguém é obrigado a gostar de animais e pode se incomodar.
Mais alguns dias se passaram e, numa tarde muito quente, ouvimos miados. Olhamos pela janela e vimos o gato no telhado da portaria principal, que tem telha de amianto, eu acho, ou algo parecido, e parece ser bem quente. Fiquei desesperada: “meu Deus, como ele foi parar ali?? Alguém foi covarde de jogá-lo lá??”. Vimos que alguns funcionários já estavam se mobilizando, olhando para cima e conversando entre si. Meu marido, minha filha e eu descemos para ajudar: “a gente pede uma escada e sobe lá para resgatá-lo”. Chegando lá um dos funcionários estava resmungando, dizendo que ele faz isso com frequência, sobe mas não consegue descer. Nós tentamos chamá-lo e ele respondia lá de cima mas parecia não querer ou conseguir descer. Uma mulher que passeava com uma pincher ridiculamente usando um vestido (desculpa), falou: é o “Tó”? Ah, é o “Tó” sim, ele é lá do bloco C. Pensei, no alto da impaciência que tem me acompanha há tempos: “que Tó minha senhora, eu vou saber?! E que nome horrível!” mas falei “ah, ele tem casa?” no que ela explicou que não, que ele vive no térreo do bloco. E ela estava dizendo Thor, minha filha explicou depois.
Um funcionário subiu até o telhado mas o gato miava e fugia dele. Outro funcionário subiu e conseguiu pegá-lo. Gato resgatado. Depois disso vimos e ouvimos ele várias vezes no telhado novamente e acho que ele aprendeu a descer sozinho.
No sábado passado foi aniversário da minha filha e celebramos num quiosque com os amigos dela. Entre as muitas idas e vindas entre o apartamento e o quiosque, vimos o gato. Neste momento eu já estava chamando-o de Alfredinho ao invés de nosso amiguinho e explico o nome logo mais. Falei com ele e ele se aproximou, todo dengoso e se jogou de barriga pra cima. Meu marido falou “leva ele no quiosque e dá comida pra ele”. Os olhos da minha filha brilharam quando me viu chegar com um gato no colo. Ele já estava ficando desconfortável pois não está acostumado a ser carregado e eu fui logo pedindo: pega comida pra ele. Ele comeu e meu marido, filho e eu fomos descansar um pouco em casa. À noite, voltamos para preparar pizzas. Entre uma fornada e outra eu perguntei pelo gato e ninguém o tinha visto mais. Mas não é que ele apareceu bem nessa hora?? Larguei tudo e fui dar atenção pra ele. Ele comeu bastante e ficou por lá . Quando terminamos de comer, voltei a dar atenção a ele e ele é muito fofo e brincalhão. Ele subiu numa cadeira e ficou sentado, “participando” das conversas.
Esta foto foi feita pela minha filha quando o carreguei:
Ele é muito perfeito!
Queria trazer ele pra casa? Queria.
Hoje já conseguimos conceber a ideia de ter um novo gato. A dor da perda ainda volta com força em momentos de fragilidade, já passamos por uma tentativa frustrada de viajar com Victor - que eu conto outra hora - e sabemos que nossa logística de viagens será diferente a partir de agora.
Mas adotar um gato adulto e acostumado a viver “livre” não é o ideal pra nós. Não estou romantizando o abandono e quero muito que Alfredinho tenha um lar mas trazê-lo para um apartamento com outro gato e duas cachorras certamente não vai funcionar. Victor, assim como Totoro era, é extremamente sensível a mudanças e temo pela saúde dele. E as cachorras, principalmente a Magali, que é mais nova e agitada, iria estressar o gato e nos deixar malucos. Parece frieza da minha parte mas é preciso ser racional e pensar no bem estar de todos.
O nome Alfredinho veio de Alfredo, outro anjinho de quatro patas que conhecemos nas férias de julho. Em breve vou conseguir falar dele também.
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